8 Milhões para Juvêncio

Um drama tipo bangue-bangue em três atos e seis personagens.

 

CONFORTINI TIRA DO CHAPÉU UM PEQUENO COLT.

Confortini – O que pretende fazer, Juvêncio?

Juvêncio – Está carregado?

Confortini – Sim… Por quê?

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A Cena Diabólica

Um drama em quatro atos, seis personagens e um ponta. Peça baseada na vida desses atores de pavilhão demostrando que a infelicidade existe em todos os lugares. Trata-se do crime do circo.

 

Artur – O senhor fala assim porque nunca amou uma mulher.

Gerente – E nem quero amar, pois o amor traz muitas complicações.

Artur – Bem…há uma solução…

Gerente – Que solução?

Artur – Deixar este pavilhão para sempre e não voltar mais.

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A Esposa do Comandante Mendonça

Uma comédia em um ato único e dois personagens

 

ELA CHORA. POUCO DEPOIS, O PALHAÇO CHORA TAMBÉM. OS DOIS SE ABRAÇAM, CHORANDO.

Carolina – Por que você tá chorando de novo, Alemão?

Palhaço – Porque eu também tô sozinho…

Carolina – Nós somos dois sofredores.

Palhaço – É… Nóis semo dois sofredô.

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A Justiça de Ringo

Uma peça bangue-bangue em quatro atos e seis personagens

 

EM CENA, ADANS, O VELHO, EM SUA CASA. BATEM NA PORTA

Adans – A estas horas? Quem deverá ser? [GRITANDO] Quem está aí?

JORDÃO E RORDÃO ENTRAM, EMPUNHANDO O REVÓLVER

Jordão – O que significa isso, Jordão?

Adans – Você já vai saber…

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A Lei do Revólver

Peça estilo bangue-bangue em cinco atos e seis personagens.

 

WILIS GUARDA O DINHEIRO NO COFRE. ENTRA EM CENA UM FORASTEIRO.

Black – Bom dia, forasteiro. O que o senhor deseja?

Spyck – Quero fazer um depósito.

Black – Sinto muito amigo. O chefe não está aí agora. Venha mais tarde.

SPYCK DA UM ASSOBIO E SACA O REVOLVER.

Black – Que significa isso, forasteiro?

Spyck – Um assalto. Quem tentar recurso, entra na bala.

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A Mulher Marcada

Uma peça dramática em quatro atos, quatro personagens e um ponta.

 

Paulo – Há Há Há! Que gracinha… Você fala em pedir perdão como se o que aconteceu entre nós dois fosse uma faltinha. Seu marido não é tão trouxa assim.

Dóris – Meu marido não é trouxa, eu sei disso. Mas também sei que ele é bom, muito bom.

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A Separação do Sabugo (ou O Desespero do Sabugo)

Uma comédia em ato corrido e quatro personagens.

 

Sabugo – Não posso viver sem a Aspirina. Vou dá um jeito na minha vida.  [SABUGO PEGA UM REFRIGERANTE, UM ENVELOPE DE VENENO E MOSTRA PARA A PLATEIA] Não, assim não dá certo… Tenho uma ideia melhor… Como isto aqui é uma peça teatral e no teatro tudo acontece, vou devolver a vida ao Nhô Riscado, fazendo a poderosa oração do Sapo Seco…Teco Peteleco, por cima de ti eu trepo…Por cima de eu trepo…Teco Peteleco.

ASPIRINA COLOCA A CABEÇA NA CORTINA, DIZENDO:

Aspirina – Sabuguinho…

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A Sombra da Justiça

Uma peça tipo policial em seis atos, seis personagens, um ponta especial, um pontinha e cinco pessoas para fazer número na fera no 5º ato.

 

INSPETOR PEDE OS DOCUMENTOS DO MASCATE E DESCONFIA.

Inspetor – Muito bem. São lindos os seus documentos, mas o pior é que são todos falsos, e só sendo um perito mesmo para descobrir.

Ditinho – O senhor está inventando coisas. Devolva os meus documentos que preciso ir embora. Já estou atrasado. O INSPETOR GRITA AO GUARDA.

Inspetor – Guarda! Vamos levar este homem ao barbeiro a fim de tirar suas costeletas e bigodes!

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A Viúva Diabólica

Um super drama em seis atos e sete personagens estilo policial não faltando amor, aventura, chantagem e justiça.

 

EM CENA ESTELA SENTADA, FUMANDO. OSVALDO ENTRA EM CENA

Osvaldo – Até que enfim consigo vê-la! Onde se meteu ontem que telefonei duas vezes e você não estava? [ABRAÇANDO-A]

Estela – Aquele sujeito me acompanhou e passou o resto da tarde comigo… em minha casa.

Osvaldo – Cuidado, que fico enciumado…Por que gastou tanto tempo para lhe apresentar os pêsames?

Estela – Não se limitou a isto, apenas… pôs-se num papel de consolador… [AFASTA-SE]

Osvaldo – Que quer dizer com isto? Depois de ter atropelado seu marido, ela terá ousado ainda alguma coisa em relação a você?

Estela – [CÍNICA] Por enquanto não, mas estou certa de que eu lhe agradei.

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Ambição e Ódio

Uma peça de aventura em três atos e seis personagens. Quebra-galhos Tobias será dublado por Welasques ou Filisbino.

 

Tobias – Agora sim: acabou de piorar! Até meu capataz foi embora, não tenho sem com quem conversar.

UM TROPEL DE CAVALO POR TRÁS DA CENA

Tobias – Que! Um cavaleiro está se aproximando! Quem deverá ser a estas horas da noite. Parou, com certeza vai bater.

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Com o Dedo no Gatilho

Um belo drama baseado em filmes de bangue-bangue em quatro atos, sete personagens e um ponta.

 

John – Chamo-me John Tailor, às suas ordens…
Marta – Sabe que nunca vi alguém atirar como você, Tailor? Esta cidade precisava de um homem assim, como xerife…
John – Se eu fosse o xerife, a primeira coisa que proibiria era mulheres do seu tipo no saloon…
Marta – Mas por quê?
John – Enfeitiçam os homens e tornam-se perigosos…

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Do Amor Nasce o Pecado

Uma peça dramática e comovente em sete atos e oito personagens.

 

WITÓRIO ENTRA EM CENA

Witório – Onde está Miriam?

Julia – Foi ao centro fazer compras.

Witório – Foi ao centro? Mas como é que não encontrei com ela…

Julia – Disse que ia tomar o caminho mais longo…não sei porque.

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Dois Palermas no Cemitério (ou Polaco em Histórias Assombrosas ou A Casa Assombrada ou O Cemitério Assombrado ou O Caveirinha)

Uma comédia em ato corrido com dois personagens.

 

Velha – Fique aí, você é meu secretário, não se esqueça! Traga a cadeira!

ELE TRAZ A CADEIRA E LEVA OS OUTROS OBJETOS EMBORA

Polaco – Tá… Eu sou seu saca trapo! Saca trapo e saca trapo! Mas na hora que escurecer isto aqui e der porcaria…já não vai estar aqui mais o saco trapo!

Velha – [ASSUSTADA] Mas polaco?! Quedê as coisas?!

Polaco -Você pediu a caneta, eu trusse, depois queria as velas, levei a caneta e trusse as velas, depois já não era as velas, era o fósforo, o carburador, daqui a pouco já é o motor de arranque que tá cum defeito!

Velha – Ai, meu Deus…É tudo junto que eu quero!

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Em Cada Alma um Pecado

Uma peça em seis atos e oito personagens.

 

MARCOS DÁ UMA PUNHALADA NAS COSTAS DO DELEGADO

Marcos – Não se meta moço. Foi em legitima defesa.

Gerônimo – Mas não foi em legitima defesa!

Cole – Bem, mas foi quase, não é? [E FUMA UM CIGARRO] Quer um conselho moço? Não se meta a onde não é chamado, que você não entende nada de lei. Você é morador novo aqui em Lago Azul, é preciso tomar muito cuidado.

Gerônimo – Mas então, aqui em Lago Azul é assim?

Cole – Aqui é, espero que você acostume com o ambiente. Quer tomar um trago?

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Feia, Horrivelmente Feia

Peça teatral terrorífica no estilo drama de terror em três atos e cinco personagens.

 

IRENE ENTRA EM CENA

Irene – Como é, viúvo alegre? Está feliz da vida? Há um comentário por aí dizendo que você empurrou a Gabriela escada abaixo.

Arnaldo – Quer saber de uma coisa? Vá embora. Não estou disposto a ouvir conversa fiada.

Irene – Vou ficar aqui. Quero ver se você tem coragem de me expulsar. A não ser que você me empurre escada abaixo também.

Arnaldo – Chega! Não fale mais em escadas.

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Juvêncio Não Perdoa

Um drama bangue-bangue em quatro atos e sete personagens.

 

Velho – É minha velha, acho que fiz muito bem de enterrar o dinheiro.

Velha – Nem fale, é muita perseguição daqueles malditos.

NISSO ENTRAM OS BANDIDOS CHUTANDO E FAZENDO ALGAZARRA

Gregório – Vamos, velho. Onde está o dinheiro?

O VELHO NÃO CONTA. MARCOS ENTRA EM CENA COM UM BANDIDO ATRÁS DELE DE REVOLVER.

Marcos – Não batam mais nos velhos. O mapa está comigo.

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Mário, o Monstro da Família

Uma belíssima peça em seis atos e seis personagens.

 

Sebastião – Alzira, hoje faz vinte anos que casamos.

Alzira –  E todos esses anos você só me odiou.

Sebastião – Hu, hu! E continuarei a odiá-la, Alzira. E não porque já está velha, acabada e sua mocidade já foi. A diferença é que agora os homens não a querem, nem de graça.

Alzira – Mas eu ainda sou sua mulher, sua esposa.

Sebastião – Minha esposa não, minha serpente que me judiou em todos esses anos.

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Na Margem do Contrabando

Um drama estilo de gangster em quatro atos, seis personagens e dois pontas.  Peça baseada nos contrabandos brasileiros. Tudo enfim é fictício, mas sempre acontece.

 

EM CENA, A MOÇA AMORDAÇADA E AMARRADA SOBRE UMA CADEIRA. TOCÃO E KASSIO A VIGIAM.

Tocão – Seu príncipe não tardará a vir, boneca. Dei-lhe prazo até às dez horas. Se não vier, então não me responsabilizarei por meus homens. [BARULHO DE UM CARRO] Alerta rapazes, aí vem ele. [TOCÃO E OUTROS DOIS EMPUNHAM O REVÓLVER. ÁLVARO ENTRA EM CENA].

Tocão – É aqui mesmo… Qual a sua oferta, vejamos?

Álvaro – Dou-lhe a metade. [TOCÃO DÁ UMA GARGALHADA]

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Noites de Angústia

Peça novela em sete atos e oito personagens.

 

Sinhá Regina – Quase todas as noites vejo Afonso.

Sabina – É imaginação Sinhá Regina!

Sinhá Regina – Não é não, esta noite eu vi ele todo de branco. Estava belo, Sabina. Ele vinha vindo todo enfeitado de nuvens. Eu conversei com ele, cheguei bem pertinho dele, e então sumiu. Ah Sabina…Como ele estava lindo.

Sabina – Cruis credo, ave Maria, sinhá Regina. Essas coisas num presta. Credo! Num é bão tê intimidade com essas coisas. É preciso esquecer.

Sinhá Regina – Como esquecer Sabina?

Sinhá Regina – Quase todas as noites vejo Afonso.

Sabina – É imaginação Sinhá Regina!

Sinhá Regina – Não é não, esta noite eu vi ele todo de branco. Estava belo, Sabina. Ele vinha vindo todo enfeitado de nuvens. Eu conversei com ele, cheguei bem pertinho dele, e então sumiu. Ah Sabina…Como ele estava lindo.

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O Cavaleiro Negro

Uma peça estilo bangue-bangue aventura em três atos e cinco personagens.

 

LAREDO SAI DE CENA. À PARTE, O XERIFE DIZ

Xerife – Essa é boa! [GARGALHADA] Agora que a cidade está em nossas mãos surge lá não sei de onde um Cavaleiro Negro para nos atrapalhar. Mas isso nunca! É agora que eu estou acertando o meu passo… [NISSO UMA PEDRA É ROLADA NO PALCO COM UM BILHETE ESCRITO. XERIFE SE ASSUSTA, APANHA E LÊ] Hein?! Quem atirou isto?! Um bilhete. Vejamos o que diz: Caro delegado, sua presença na cidade e seus gestos me enojam. Sinto muito em atrapalhar seus planos. Não aprecio a falta de caráter de um homem. O Cavaleiro Negro.

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O Crime da Mala

Um drama policial em seis atos, sete personagens e dois pontas.

 

ENTRA UM VULTO NA ESCURIDÃO EM TRAJE MORTAL

José – Hein! Quem poderá ser… não consigo ver seu rosto… Talvez alguém que se disfarçou pra me ajudar [E O VULTO SE APROXIMA] Quem é você?… O que quer!? Responda! Será que estou ficando louco? [O VULTO ABRE A PORTA DO CÁRCERE E ENTRA]

José – Que?! Abriu a porta sem precisar de chaves [E O VULTO SE APROXIMA DE JOSÉ, ELEVANDO AS MÃOS PARA ENFORCÁ-LO] Não! Está querendo me matar… Quem é você?

O VULTO TIRA O VÉU DESCOBRINDO O ROSTO

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O Crime Me Condena

Uma peça policial em quatro atos e seis personagens.

 

Júlio – Olá meu cunhado. Eu só vim dizer à Leticia que ela precisa voltar.

Antônio – Não, ela não vai voltar, e é melhor que você não nos perturbe.

Júlio – Antônio, será que você se esqueceu de que sua irmã é casada comigo?

Antônio – Não me esqueci.

Júlio – Eu prometo que agora ela terá paz.

Antônio – Faz seis anos que você promete a mesma coisa, e agora será diferente?

Júlio – Diferente? Por quê?

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O Estranho Volta

Um drama bangue-bangue em três atos e sete personagens.

 

Amélia – Não Charlie, não vá embora…

Charlie – Eu preciso, Amélia… Preciso esquecer de tudo o que aconteceu em Canion Citi… [CHARLIE SAIR DE CENA]

Janjão – Ele voltará… Vi em seus olhos… Mas você terá que respeitar o luto da esposa.  Sossegue mana, que… O Estranho Volta.

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O Fugitivo

Um drama em quatro atos, sete personagens e dois pontas.

 

Franke – Não adianta Katarina… Foi como eu lhe disse. Serei apenas uma lembrança. Tudo foi uma aventura.

Katarina – Porque você não me contou que…

Franke – Algum dia ficará sabendo e compreenderá que isso tudo foi um sonho.  COMISSÁRIO ALGEMA FRANKE.

Franke – Adeus, Katarina. Todos erramos.

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O Joenga na Cidade (ou O Jeca na Cidade ou O Sonho do Jeca)

Uma comédia em ato corrido com dois personagens.

 

DE REPENTE, UM BAQUE ATRÁS DA CORTINA, E ENTRA O JOENGA COM O REVÓLVER NA MÃO, DIZENDO:

Joenga – Mas como gente da cidade é burro.

Bixiga – Compadre, o que o senhor foi fazer?

Joenga – Num gosto de comê de luz acessa. Cai bicho.

Bixiga – E o que o senhor fez?

Joenga – Fui assoprar a lamparina pra apagar, mas numa artura daquela que sopro que pega? Carquei um tiro.

Bixiga – O senhor está louco? Aquilo é luz elétrica!

Joenga – Louco são oceis que fica aí engarrafando foguinho.

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O Jogador de Baralho

Uma peça dramática em cinco atos e sete personagens.

 

E FLORA SAI DE CENA.

Horácio – Flora…Flora…volte Flora! Ela se foi. Nada mais me resta. Não tenho dinheiro, não tenho mulher, não tenho nada. O maldito baralho.

APANHA O MAÇO DE BARALHO JOGA COM TODA FORÇA NO CHÃO E DIZ:

Horácio – Que vá tudo para o inferno…Sou um verme, um fracassado, um homem à toa. Um ralé fracassado! De que adianta viver se perdi tudo inclusive minha esposa?

Eu não mereço nada, nem mesmo viver.

APANHA O REVÓLVER DO BOLSO E APONTA SOBRE O OUVIDO, DISPARA E TOMBA MORTALMENTE.

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O Preço da Honra (ou O Conquistador Sem Escrúpulos)

Um drama em seis atos, quatro personagens e um ponta.

 

SÉRGIO FORÇA A PORTA E ENTRA

Lucia – O senhor?! Vá embora, por favor! Senão, eu peço socorro.

Sérgio – Não é preciso se assustar assim. Não é de mim que deve ter medo. Está esperando alguém?

Lucia – Não é da sua conta.

Sergio – Está enganada. Tudo o que se refere àquele homem é da minha conta.

Lúcia – Veio aqui para enfrentá-lo?

Sérgio – Está me julgando mal. Quando quiser enfrentá-lo saberei escolher o lugar.

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O Preço da Mentira

Um belíssimo drama de amor, romance e orgulho em cinco atos, seis personagens.

 

NISSO MIGUEL ENTRA EM CENA E RITA SE ASSUSTA.

Rita – Miguel!

Miguel – Rita, vim em busca da alegria e encontro a amargura…

Rita – Você disse que só vinha daqui a um ano.

Miguel – Então pretendia que eu sofresse mais três meses? Que você fez das cartas que eu mandei?  Leu e rasgou, ou queimou. Devia pelo menos me avisar que tinha outro amor…

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O Seu Último Duelo

Peça estilo “filme de mocinho” (faroeste) em quatro atos, seis personagens e um ponta. Da tela para o palco.

 

Bertina – Por que Slade? Você não se orgulha de ter prendido o mais terrível bandoleiro?

Slade – Eu? O mais terrível bandoleiro. Qual deles? Prendi tantos…

Bertina – Você prendeu muitos, mesmo, mas igual o tenebroso Joel Laredo eu não vi.

Slade – Ah sim… agora me lembro. Joel Laredo que me deu a fama por eu tê-lo vencido no gatilho, mas isso já fazem nove anos.

Bertina – E que importa isso?

Slade – Nove anos atrás eu tinha muita destreza em sacar uma arma, hoje sinto que minhas mãos estão mais cansadas.

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Onde a Coragem É a Lei

Uma peça em cinco atos e dez personagens baseada nas histórias do Velho Oeste americano.

 

COM O PALCO FECHADO E AS LUZES APAGADAS, OUVE-SE DESCARREGAR UM REVÓLVER. SEIS TIROS E UM GEMIDO DE DOR. OUVE-SE TOMBAR UM CORPO E LOGO MAIS UM TROPEL DE CAVALO, QUE FOGE EM DISPARADA. LOGO DEPOIS ACENDE A LUZ DA RIBALTA E ABREM-SE AS CORTINAS. NA CENA ENCONTRA-SE UM HOMEM MORTO COM OS BURACOS DE BALAS NO CORPO. DEPOIS OUVEM-SE CONVERSAS ATRÁS DA CENA. É O XERIFE COM MAIS TRÊS HOMENS. UM DELES É HOMERO.

Xerife – Vocês ouviram também, não é? Parece que veio da casa do Sr. Wébe Nolam.

Homero – E o cavaleiro fugiu em disparada.

Xerife – Talvez trocassem chumbos…

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Os 4 Conselhos

Uma peça em quatro atos maravilhosos e nove personagens baseada em casos antigos.

 

Pedro – Huf… Como é duro só viajar a pé por essas estradas. E o pior é que estou sem cigarros e sem dinheiro pra comprar [SENTA-SE NUMA PEDRA] Hum… Ouço uns passos [UM VELHO ENTRA EM CENA]

Velho – Descansando um pouco?

Pedro – Viajei a noite inteira a pé por essas bandas. Estou com vida, mas mais pra morto, de tanta vontade de dar umas tragadas [O VELHO TIRA FUMO DA BOLSA PARA OFERECER E ACABA REVELANDO UM MAÇO DE DINHEIRO]

Pedro – O senhor não tem medo de andar assim com esse dinheiro nessas bandas?

Velho – Quem desconfiaria de um velho como eu? E se você fosse um dos assaltantes?

Pedro – Como adivinhou meus pensamentos?

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Perdidamente Te Amarei (ou O Romance Oculto)

Uma peça em seis atos e seis personagens estilo drama de amor.

 

Reinaldo – Que dizer que…

Rosaura – Depois que tive a certeza que você tinha uma amante, autorizei que ele me desrespeitasse. E hoje gosto de Jorge… Não se esqueça que tem que se virar com a papelada do desquite…

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Rambo Cófe, o Rambo Maluco (ou Ramboscofe ou Um Rambo Atrapalhado)

Uma comédia melodrama em ato corrido com três personagens.

 

Kaio – Eu faço as perguntas e você responde.

Ramboscófe – Não, senhor.

Kaio – Sou seu superior, imbecil! O que é isso?

Ramboscófe – É a Carolina, senhor.

Kaio – Carabina, imbecil! E isso aqui? Pra que serve?

Ramboscófe – É um binóculo. Serve pra avistar os inimigos, senhor.

Kaio – Muito bem! Avistar os inimigos e partir pra cima deles.

Ramboscófe – Nada disso, capetão. A gente avista eles e… [FAZ UM GESTO] Chama na sola. Em outras palavras, queima o chão.

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Uma Questã de Caráter (ou O Despertar de uma Paixão)

Um drama em seis belíssimos atos, cinco personagens e três pontas.

 

Vitor – Eu devia pedir desculpas.

Luci – A mim?

Vitor – Deve ter achado que mudei…

Luci – Você não tem nada que se desculpar…

Vitor – A gente faz muita coisa errada na vida. Mas agora estou em paz com a minha consciência.

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O Despertar de um Pesadelo

Roteiro do filme produzido pela Explym Produções Filmes em 1983 e filmado em super-8.

CENA 15 – SANDRO E PRISCILA NO CARRO
Sandro — É a mesma história de sempre. Te disseram
que você ia ser estrela de cinema e seu tutor te vendeu.
Priscila — O que vai fazer nesta imensa cidade?
Sandro — Procurar um amigo. Acho que posso confiar em você.
Priscila — Por quê?
Sandro — Oras… Não faça perguntas. Apenas me acompanhe.

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Noivado Sangrento

Filmado em vídeo entre 1996 e 1997. O roteiro original foi a base para os longas-metragens Sertão em Conflito e Noivado Sangrento.

 

CENA 15 — CORUJA E FLORIANO CAVALGAM. CORUJA ANDA COM UM BURRO E FLORANO COM UM CAVALO.
Coruja — Ela não sai do meu pé. O que é que eu faço…
floriano — Ela gosta de você, e você gosta dela.
Coruja— Bem…eu… Quer dizer….
floriano — Já sei… Num diga nada agora… A indecisão é a pior coisa que tem no mundo.
DE REPENTE O BURRO DO CORUJA REFUGA E DERRUBA-O NUM ABISMO. E LÁ EMBAIXO PEDE SOCORRO. CORUJA FICA ENROSCADO NUM GALHO, AFLITO.
floriano [CALMO] — Calma… já vou tirar você daí.
Coruja — Calma…calma o catiso, estou preso aqui.
CORUJA NÃO VÊ QUE UMA COBRA VAI DAR O BOTE. FLORIANO RETIRA O REVÓLVER DO COLDRE E…
floriano — Xiiiii… Não se mexa Coruja… [FLORIANO FAZ PONTARIA NA DIREÇÃO DE CORUJA]
Coruja — Não… Floriano, pelo amor de Deus…
floriano — Fica quieto, Coruja! [E FLORIANO DISPARA O TIRO, ACERTANDO NA COBRA. ELA CAI NA CABEÇA DE CORUJA, QUE LEVA UM SUSTO]

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Sentimento Mortal II – Ainda a Sua Lei [roteiro inédito]

Sequência do filme Sentimento Mortal. Parcialmente filmado.

 

CENA 08 – OS DOIS MOTOQUEIROS, TUCO E BINO, ENCOSTAM AS MOTOS. ENTRAM EM UM ESTABELECIMENTO PARA ACERTAR AS CONTAS. O CHEFE DELES ESTÁ DE COSTAS.
Tuco, o motoqueiro — Serviço feito patrão. O delegado Severiano Raiale já era.
S. Geremias — Pago a última parte após a certidão de óbito.
Tuco, o motoqueiro — Por quê? Não acredita em nós?
S. Geremias — Gosto de me certificar das coisas.

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Os Crimes que Não Pratiquei ou Lavou a Honra com Sangue [roteiro inédito]

Roteiro baseado nas histórias ouvidas nos relatos que ouviu sobre a prisão, em visitas e conversas. As injustiças causadas quando a verdade chega tarde demais. O caráter tem seu preço.

 

CENA 95 – JAKE ENTRA NA CASA DE ANGÉLICA, BRAVO, BATENDO NA PORTA.
Jake — Nas ruas, todos correm apavorados do Jake Estripador, o monstro. Sabia, Angélica? O monstro que saiu da jaula, voltou para casa e nem a mulher o quer mais. O povo corre dele.
Angélica — Eu não corri de você. Eu te apoiei.
Jake — Pois apoiou a pessoa errada.
Angélica — Então você é um assassino mesmo!?
Jake — Eu não era, mas na cadeia se aprende muita coisa.

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https://www.youtube.com/watch?v=icxlAgNzBIs

Sempre gostei muito de escrever. Era igual àqueles cururueiros: qualquer coisa que eu via, já pensava em uma ideia pra uma peça, um roteiro. Sempre que eu tinha um tempo livre, criava uma história.

Antes mesmo de ter circo, eu era louco pra escrever, inventava as histórias no ato. Uma vez tava com o Luizinho Rosa e vimos dois passarinhos sentados no fio elétrico da CESP. Comentei com ele “olha como é a natureza, o amor existe desde a criação”. Ele olhou, olhou, e já começou a cantar uma música de primeira, de cururu, versos improvisados. O Luizinho era muito bom: Zé Fortuna & Pitangueira gravaram a música Paineira Velha, mas dizem que o Luizinho Rosa, cururuzeiro de Tatuí foi quem criou e não recebeu o crédito.

Comigo era assim: via algo bonito, ouvia uma história que me interessava, uma letra de música e já criava um enredo do começo ao fim, de sopetão. Tudo que me impressionava, eu já pensava “vou pôr em uma peça dramática pra levar pro palco. Ou, quem sabe, até um roteiro de cinema!”. Quando fomos filmar Sentimento Mortal no sítio do Guilherme, onde tinha uma fabriquinha abandonada que serviu de cenário, encontrei um daqueles motorzões baguá trifásicos. Olhei o motor, examinei, examinei e falei pro Pedro Henrique “sabe que se for fazer um enredo sobre ele, dá uma história bonita, um roteiro. Analise bem: quantos comeram e beberam desse motor, os empregos que ele deu ao povo. Quantos fizeram sua casinha, compraram terreno, graças ao trabalho que o motor deu”. Um motor desse dá uma história. O poema História de um Prego surgiu assim. Por que não fazer a história de um prego?

Ouvia uma música, já pensava: olha, isso dá um bom enredo. E também o que lia naqueles gibizinhos, ouvia no rádio, histórias que me contavam. Por exemplo, saía muita história desse tal de Juvêncio. Aí resolvi escrever um enredo baseado no personagem. 8 Milhões para Juvêncio é uma peça curtinha, boa pra levar nas matinês. A turma gostava quando eu apresentava essas peças de faroeste. Fiz também Juvêncio Não Perdoa, estilo bangue-bangue, mas como o personagem é brasileiro, coloquei os nomes dos personagens como bem brasileiros mesmo: Wirgulino, Gregório, Flora… Mesmo assim mantive o Virgulino com W, pra dar mais estilo. O Despertar de uma Paixão, é baseado em filmes de faroeste, Na Margem do Contrabando, um drama policial, O Fugitivo, uma mistura de policial e bangue-bangue e por aí vai. Já O Crime da Mala foi inspirado em um daqueles livros de versinhos, esses de cordel que tinha por aí. Comprei numa banca meio improvisada de um sujeito que vendia no mercado municipal.

Com o Juvêncio e o Gerônimo fiz mais de uma peça, achava bonito o estilo sertanejo deles e gostei de criar histórias com esses enredos. Na época passava muita novela de rádio com esses nomes, mas os personagens que eu criava eram diferentes. Tem o 8 Milhões para Juvêncio e o Juvêncio Não Perdoa. Já o Jerônimo com J o pessoal dizia que era o “herói do sertão”. A partir dele, criei Em Cada Alma um Pecado baseada em um filme americano, mas à minha maneira. O filme era Um Pecado em Cada Alma, com Glenn Ford e Edward G. Robinson, o grande gângster do cinema. E eu trouxe o personagem do Gerônimo, um herói nosso, brasileiro, com G. Achei que daria uma boa história misturar. Mas acho que essa nunca levei no circo, era muito complicada. O Seu Último Duelo também não cheguei a levar, outro faroeste, ficou só no papel.

E eu fiz também histórias com o Ringo, que já era mais americanizado. Queria ter feito uma de cangaço pra compensar, mas não tive cacife pra aguentar o custo de um guarda-roupa, porque não daria pra aproveitar muito os que eu tinha. Acho o sotaque bonito, mas os figurinos me quebrariam as pernas.

Fiz até comédias terroríficas. A Casa Assombrada (Polaco em Histórias Assombrosas) conta a história de uma moça que quer escrever uma novela de terror e, pra ter mais empolgação, resolve fazer isso dentro de um lugar assombrado, que no enredo pode ser tanto um cemitério quanto uma casa abandonada. Por ser uma história macabra, fazia sentido. Porque não é todo escritor que teria prazer em escrever em cima de uma tumba! Dito e feito: é só ela chegar, que começam a aparecer umas assombrações: ruídos surgem do além, a vela que ela usa pra iluminar o papel se mexe sozinha… No palco, a gente fazia uma série de trucagens: uma mão descia presa com uma corda, e por aí vai. Tudo a gente mesmo criava. E o palhaço, que vai pra ajudar a escrever, ainda complica mais a história. No final, ele toca fogo em tudo, enquanto os dois saem fugidos das assombrações. Uma trapalhada só. O enredo era meio fraco, mas como a criançada gostava, eu levava sempre.

Baseada em música fiz algumas também. A Mulher Marcada tem a ver com o enredo de Rancho Fundo. Sabe aquela música “No Rancho Fundo / Bem pra lá do fim do mundo”? Apresentei muito no circo, porque a turma gostava. A Marisa me ajudou e fizemos. Às vezes, no lugar de A Mulher Marcada, usava o título O Romance Oculto, pra dar uma variada e deixar o público curioso.

Perdidamente Te Amarei é um drama. Naquela época eu era muito romântico: gostava filmes, dramas românticos. Então fiz o meu, uma peça de amor. Mas não cheguei a levar pro palco: não queria despertar nos casais do elenco o mesmo ciúme dos personagens. Já o Noites de Angústia surgiu baseado em uma novela de rádio, gostei do enredo e extrai do meu jeito, resumindo um pouco a história. Minha tia ouvia muito naqueles tempos em que não existia televisão. Era assim: eu não gostava de radionovela, mas pra fazer companhia pra minha tia, não perdia uma. Não fazia meu gênero, sempre tive um gosto por coisas que, entre os mais chegados, poucos ouviam. Ópera, que é uma coisa que só gente fina gosta, eu sempre admirei, porque conta um drama, é uma história encenada. Tomei gosto no circo, que sempre adaptava essas histórias. Vi algumas, mas a que mais me emocionou foi Santa Giovanna D’Arco, do Giuseppe Verdi.

Curioso é que, mesmo não gostando de radionovela, foi de lá que tirei a inspiração pra criar algumas histórias, e não das óperas.

A Cena Diabólica é uma das mais interessantes. Nela conto um drama da vida artística: um cara aproveita o tiro que teria que dar em cena para se vingar da atriz que ele tinha ciúmes. Então, troca a bala de festim por uma bala real, e quando o sujeito ferido tá no chão, ele foge. Como fazia muita peça de faroeste, surgiu essa história, baseada na minha experiência. Um crime que ocorre durante a peça. E, em umas versões que cheguei a levar, ele também roubava a renda do circo, aproveitando que ainda demorava mais uns minutos pra fechar a cortina sem que ninguém notasse o crime. Logo depois, os policiais chegam e começa a investigação. Uma história que podia acontecer em circo mesmo. No meio disso tudo, um enredo de ciúme, de inveja.

Não foi a única que extraí dos meios teatrais. Em Santana Não Perdoa eu começava apresentando o final de uma outra peça de circo que a gente levava e depois, para pegar o público de surpresa, transformava num enredo de faroeste. É uma peça interessante, criei na minha cabeça, escrevi e deu certo. Era assim: começava com um trechinho baseado na peça O Caveirinha, a última parte da comédia, onde eu me apresentava como palhaço. Escolhi porque sabia que o público gostava e iria aplaudir, mesmo estranhando o espetáculo ter sido tão curto. “E por aqui nós encerramos o nosso espetáculo, agreço a presença no Circo-Theatro do Alemão”. Depois dos agradecimentos, o elenco ia pra coxia e a atriz ficava em cena, como se estivesse arrumando o cenário. Nessa hora, antes que o público começasse a sair do circo, aborrecido pela peça ter sido muito curta, entra um bando de homens armados, que sobem no palco e vão na direção da atriz. Quando ela reage, leva um tiro e cai morta no chão, enquanto roubam um patuá do seu pescoço. Fizemos muito bem feitinho, com sangue e tudo. Só nesse momento meu personagem voltava ao palco, chamando por ela. “Vamos! O carro está pronto. Precisamos terminar de desmontar tudo”. E só então a descobre estatelada no chão. A tragédia já estava feita. A partir daí começa todo o drama: eu carrego o corpo dela e faço um juramento enquanto tiro a maquiagem de palhaço. “De hoje em diante, Polaco, o palhaço, está morto. Agora nasce Santana que não perdoa”. A partir daí tem um drama em mais dois atos e o mocinho vai atrás desse patuá, que tinha um mapa indicando o grande tesouro que os bandidos queriam. Mas não sabiam que ia aparecer Santana, com aqueles trajes djanguescos e tudo, desvendar o mistério do roubo e, ainda por cima, encontrar um valioso baú. É tanta coisa… Mas quando terminava a comédia, a turma aplaudia muito. Até porque o final era muito engraçado. Levei pro circo e também com os grupos de teatro, em Morro do Alto, Guareí. Em Pereiras ia apresentar no Cine-Theatro, mas depois decidi trocar por Juca Mané.

Eu pegava inspiração em muitos lugares: teve até peça baseada em contos de revistinhas, inclusive uma que a Editora Abril publicava, a Capricho, que minha ex-mulher lia. Mas extraí enredos também de umas revistinhas de faroeste que eu gostava muito, filmes, fotonovelas, radionovelas, almanaques, gibis. O Fantasma era um: as aventuras na selva de Bengala. Eu era vidrado. Sempre com seu fiel cavalo Herói e o lobo Capeto. E a Diana Palmer, a namorada, sempre entrava nas aventuras.

As revistinhas eram ótimas! Até o Buck Jones virou personagem em uma delas! Tinha também o Nick Holmes, com suas histórias de detetive, o Dick Tracy e até o hipnotizador Mandrake, que enfrentava um pistoleiro armado e quando o cara via, tava segurando um copo de sorvete. Madrake e seu parceiro Lothar fizeram minha cabeça! Sentia que como ele, poderia contar histórias incríveis, em que coisas apareciam e desapareciam num passe de mágica, por isso me interessei tanto pelas trucagens desde criança. Qualquer história que escrevia, fazia questão de pôr uma no meio.

O Cavaleiro Negro eu também era fã, tanto que criei uma peça pra levar pro palco. Tava com planos de fazer uma do Fantasma, mas não coloquei em prática. Muita gente não conhece o Cavaleiro Negro hoje. Era um médico justiceiro, o doutor Robledo, mas ninguém sabia a identidade real dele! Nem no final as pessoas descobriam quem era. Isso que eu mais gostava. Não era a única série em que o personagem não revelava a identidade, tinha outras: O Látego Negro, com uma heroína que ajudava o herói, O Cavaleiro Fantasma, que usava uma roupa com umas costelas desenhadas, como se fosse um esqueleto, e também o Zorro, que passava em duas versões, uma delas com aquele espadachim, o Don Diego de la Vega, e outra mais faroestada, com o cavalo Silver e o parceiro Tonto. O Durango Kid também era uma espécie de cavaleiro negro: estava sempre vestido de preto e com o rosto coberto, mas usava um cavalo branco. O ator que criou o personagem chamava Charles Starrett, e sempre andava com um cômico, o Smiley Burnette que pintava o olho do cavalo. Tinha aquela música “Durango Kid só existe no gibi…”. Que nada! No cinema, Durango Kid foi rei. Então, fora o Cavaleiro Negro, tivemos cinco ou seis mascarados.

Quando levava as peças pro palco, eu sabia “um dia quero fazer um filme sobre essa peça”. Guardei essas ideias na cabeça e consegui. Foi o caso do Juca Mané, a inspiração para o roteiro de A Víbora Humana. Depois que você faz o primeiro roteiro, é levado a fazer o segundo, o terceiro, o quarto, o quinto, só para por motivos de força maior. Várias deram enredos para filmes depois. Um Rambo Esculachado veio dessa peça Um Rambo Atrapalhado ou Rambo Cófe. É meio comédia, meio drama. No filme, como tinha muitos personagens a mais, já que era bem mais comprido, eu interpretei três personagens: o avô da heroína, o investigador e o próprio Rambo. Na peça, foi diferente, era mais enxuto.

Pra levar em cena, eu achava que as peças de até quatro atos eram melhores. Passou disso, era um problema, porque tinha pouco elenco. Então, já escrevia pensando nisso. Claro, escrevi outras mais longas, de mais de sete atos, mas nem cheguei a montar. Ou, quando levei, tive que reduzir.

Algumas das que eu mais gostava foram moendo de tanto eu apresentar e não tenho mais os textos. O arquivo da Explym ficou anos todo anarquizado… E outras, caruncharam. Juca Mané, O Couro de Boi, O Bandido Lanterna Verde, Frankenstein 1975, O Testamento do Diabo, O Sombra, e por aí vai! Algumas, pelo menos eu filmei, como O Desespero do Sabugo e A Casa Assombrada – que eu também levava como o nome de O Cemitério Assombrado ou O Caveirinha. Mas essa gravação não deu muito certo.

O Testamento do Diabo carunchou, ficou só na lembrança. Era um drama de um cara que herdou umas terras, mas descobre que tinham sido prometidas pro ‘coisa ruim’. Ele tenta investigar os problemas misteriosos que tinha na propriedade, pergunta pra um velho e descobre que o filho do antigo dono das terras era um sujeito mau e tinha feito um pacto. Depois de um tempo, o ‘coisa ruim’ aparecia em cena para uma visita, com uma explosão e dizia: “Essas terras me pertencem!”. Não lembro o que acontecia no final. Foi baseada em uma história parecida que ouvi em uma novela de rádio terrorífica. A parte que mais chamava atenção era a maldade do vilão que fez o pacto. Eu fazia o público ficar com medo: contava que cortou até a pata de um cavalo por pura maldade e deu risada. Era o tipo de sujeito ruim mesmo, perverso. A avó morre de tanta contrariedade, depois os próprios pais, e a terra fica vazia, abandonada. Só quando um herdeiro, muitas gerações depois, vai escarafunchar descobre quem era o verdadeiro dono: o ‘coisa ruim’! Levei muitas vezes pro palco. Como tinha poucos personagens, era fácil.

Pra mim, a hora de inspiração pra escrever as peças sempre foi pela manhã e bem tarde da noite. Mas nunca tão de madrugadinha, porque nunca fui de acordar muito cedo. Durante o meio do dia, parava de escrever, mas continuava pensando na história, pra quando fosse retomar o fio da meada já tivesse tudo na mente. Nem sempre resolvia de cabeça, então lembrava de histórias que tinha ouvido, lido, de fatos reais, causos, notícias, enredos de tantos filmes.

Às vezes eu tava assistindo um filme e pensava: se eu desse uma diferenciada na história, poderia levar pro circo! E escrevia, sem me preocupar com o original. Mudava tudo, mas tomava uma situação, um personagem que o pessoal conhecia. E isso surpreendia o público, fazia a gente sentir o aplauso.

Espero que quando vocês lerem as minhas peças aqui transcritas, sintam essa mesma emoção de encontrar situações, personagens, dramas tão familiares, extraídos das telas, da vida real, das páginas das revistinhas. Sempre fiz o que meu público gostava, porque o que engrandece um artista é o aplauso. Nunca saí do palco sem ele.