Meus amigos, minhas amigas, respeitável público!
Quem vos cumprimenta sou eu, Expedycto Lyma, o popular Polaco, ator, produtor, diretor e cineasta.
Minha carreira artística começou no Circo-Theatro. Viajei com o circo dos outros, tive meu próprio circo e mais tarde arranjei elenco para fazer shows e teatro pelas redondezas. Meu pseudônimo no circo era o palhaço Alemão, mas quando sai do circo resolvi mudar para o humorista Polaco.
Em 1979, quando conheci Neusa Silveira que se tornou uma grande amiga, contei pra ela do meu sonho de produzir um filme. Segui sempre trocando ideias com amigos sobre filmes, artistas, até que um dia, o amigo Luiz Silvestre sugeriu que tentasse fazer eu mesmo. Aí discutimos o assunto e o Ademar Machado, que já gostava de filmar em Super-8, sugeriu fazer 10 minutos de filme para experimentar. Achei que não era justo só 10 minutos, botei tanta fé na coisa, e quis fazer uma história completa. Como diz o caso: “Não dá pra ficar nesse faz não faz… Já que vai fazer, fazer valer…“.
O pior é, que na época, era muito caro e não tínhamos cacife para isso.
Cada um foi pra sua casa, com a vontade de chegar nesse ponto que era quase impossível. Fiquei naquilo sempre pensando no pouco dinheiro, mas trabalhando. O tempo foi passando e eu sempre otimista na coisa, juntando recursos financeiros.
Com coragem, fundei a Explym Produções, que foi provisoriamente batizada como EL Produções. Uma experiência que acabou dando certo. A companhia cinematográfica era formada pelos seguintes componentes: Expedycto Lyma, Neusa Silveira e Luiz Silvestre Vaz de Campos, tendo como primeiro cinegrafista Ademar Machado, que também foi o editor do primeiro filme em Super-8 dirigido, escrito, produzido e interpretado por mim, Expedycto Lyma.
Esse filme foi A Víbora Humana. Filmamos nos fins de 1979 para 80 e nessa fita eu faço dois papéis: o fazendeiro e o irmão dele, Venâncio, o vilão. A Neusa Silveira interpreta a Dona Marta, a vilã da história. Ademar Machado foi o cinegrafista. O Luís Silvestre atuou e também foi o responsável pelos letreiros do filme.
Em 1980, Ademar Machado teve que nos deixar por motivos financeiros. Continuamos com Paulo Rex como cinegrafista e juntos produzimos Na Trilha do Ódio, no qual eu faço o destemido Capitão Gregório, ao lado da mesma Neusa Silveira que é a Giseli. Desta vez, o vilão e rival é interpretado pelo Alceu Antunes.
A partir daí não paramos mais. Ao lado de Maria Madalena, Rosecler Camargo e André Peres como o vilão, produzimos Dois Nós Cegos no Oeste, um bangue-bangue na base da sátira, no qual faço o personagem Chola e André faz o parceiro Fredô. Em seguida, fizemos um filme misterioso, terror com um pouco de humor com a minha querida Cely Soares, o vilão e galã, André Peres e eu, que interpreto o personagem malvado, O Misterioso Sr. Moretti.
Depois fizemos um filme tipo range. É quase um bangue-bangue cuja maior parte foi rodada em Iguape, litoral Paulista. No famoso filme, Estigma da Violência, como destaques temos André Peres, Alceu Antunes, Celi Soares Rozecler Camargo. Eu interpreto um delegado federal, o Juared Aguiar e meu auxiliar é o Astézio que faz o Zé.
Aí demos um tempo e foi quando Paulo Rex, nosso cinegrafista, deu a ideia de produzirmos um filme sobre o famigerado bandido Dioguinho. Fiz o roteiro e saiu esse lindo bangue-bangue genuíno, O Filho de Dioguinho. No filme vários amigos, como o Zelão do Circo, colaboraram. O Zelão interpreta o personagem coronel Tibúrcio e eu o personagem Dioguinho ao lado de Gheysa Oliveira que interpreta Marina. Como o público gostou desse estilo na época, decidimos fazer a continuação, Dioguinho Volta para Matar, com os mesmos personagens
Vocês vejam que loucura! Empolgado, eu percebi que o cinema brasileiro estava produzindo muitos filmes de pornochanchada e pornográficos. Então eu pensei: porque nós não produzimos também? Aí decidimos produzir três filmes proibidos para menores de 18 anos, e saiu o primeiro, O Gosto Amargo da Vingança, que vem a ser a continuação de Estigma da Violência. Nesse filme não podia faltar o André Peres interpretando o vilão e eu o justiceiro ao lado da linda Gina Marta.
Não paramos mais e saiu o filme O Despertar de Um Pesadelo, no qual interpreto um personagem bagunceiro que cai numa enrascada ao descobrir um mercado de escravos. Gheysa Oliveira ao meu lado, e os vilões da história Alceu Antunes, Rogério Oliveira e Antônio Perdigão.
Depois produzimos um filme romântico ao lado de Otília Oliveira, Eliane Lyma, Roberta Araújo, Rogério Oliveira, Gheysa Oliveira. O título é: Um Inesquecível Amor, onde interpreto o personagem Marcelo.
Encerramos a carreira do Super-8 em 1984, depois de nosso décimo filme.
Adeus Super-8 que nos deu tanta alegria! Conquistei muitos amigos e amigas que me deram muita força e coragem para seguir em frente nessa linda carreira que é a Sétima Arte. O cinema é maravilhoso!
Por problemas financeiros Explym Produções foi obrigada a parar por doze anos. Com a era do vídeo, foram desativando todos os laboratórios de revelação dos filmes S-8. Era o vídeo que mandava! No começo, não pudemos continuar porque as aparelhagens eram muito caras.
Mas sempre com muito otimismo fomos em frente e produzimos os primeiros filmes em vídeo. Como não tínhamos muita prática no começo e com elenco novo, não foi fácil. Além de ensiná-los, tínhamos outro problema: não sabíamos como lidar com a nova aparelhagem.
Em 1996, na Explym começamos o primeiro filme em vídeo, com um novo elenco, e alguns dos antigos atores. Rex, o segundo cinegrafista também nos deixou por motivos profissionais, pois ele era funcionário da CESP e foi transferido para Cesário Lange. Assim sendo, tivemos que operar a câmera nós mesmos. Tivemos um terceiro cinegrafista de quem preferimos não citar o nome, pois não deu prova. Então treinamos rápido um de nossos colaboradores, Luiz Cargolyver, também ator, que junto com Expedycto Lyma, filmava nas horas em que não atuava. E na união houve entendimento e fomos adiante produzindo mais de 10 filmes, incluindo os espetáculos de teatro ao vivo, além de 15 cortinas cômicas.
Com muito sufoco rodamos as primeiras cenas de Noivado Sangrento. Devido a gente se perder no roteiro escrito, o filme ficou muito comprido e decidimos dividi-lo em dois: o primeiro como Sertão em Conflito e o segundo como Noivado Sangrento.
No elenco, Marisa Monteiro, Yolanda Sonsym, Nenê Avalone, Zé Guri e Jane Lima que faz a Tia Neusa da história. Eu faço o Floriano, um forasteiro, capataz de fazenda contratado, pelo coroné Ramiro. “Valter Anacreto”, e quem faz o vilão, é o Hernandes J Coelho. Quem filmou foi Luiz Cargolyver, que virou cinegrafista, por precisão.
É uma bonita história que vale a pena ver!
Não paramos por aí e produzimos um filme diferente com cenas de arrepiar. Estamos falando de: A Ronda da Morte. O filme mostra a tenebrosa história de um psicopata que foge de um sanatório e age cruelmente numa cidade do interior. O perigoso Douglas, interpretado por mim, aterroriza Bacaetava e Várzea, matando irmãs gêmeas e quem estivesse no seu caminho.
Dois agentes da polícia, Sargento Manfredi, interpretado por Luiz Cargolyver, e Quirino, vivido por João Correia Sousa investigam o caso, mas as chances de sucesso são mínimas. A tia do perigoso bandido, vivida por Yolanda Sancym facilita, mandando um carro para ele usar nas suas barbaridades cruéis.
De uma comédia que nós apresentávamos em circo ou em teatros por aí, O Jeca na Cidade, aproveitei a oportunidade para fazer um filme em homenagem ao grande ator brasileiro Mazzaropi. Produzimos então O Sonho do Jeca, interpretado por mim, tendo ao meu lado Jane Lima que interpreta a comadre Bixiga, Yolanda Soncym que interpreta Justina, a esposa do Jeca, o forasteiro interpretado pelo Hélio e Valter Anacreto interpretou o Padre. E nós cantamos no filme, relembrando os tempos de Mazzaropi.
Engraçado, há muito tempo atrás, eu nem pensava em ser artista, era moleque lia livrinho de história em versos travados. Em um desses livrinhos que se vendem em feira, mercado, etc. achei interessante uma história, e aí tive a ideia de forjar o roteiro, e então, modificando e aumentado um pouco, produzimos essa obra magnífica, A Sogra Maldita, estrelando a Yolanda Soncym, no papel principal. No filme eu interpreto um índio macumbeiro.
Muito comentado naquele tempo foi o filme do Rambo e suas continuações. Escrevi, então, uma comédia para teatro: Ramboscofe, que apresentamos em vários lugares, antes de filmar em vídeo. A gente gostava mesmo era de levar os espetáculos ao povo. O pessoal gostou e daí com mais personagens na história e pondo mais molho e pimenta, fizemos Um Rambo Esculachado. O filme foi produzido delicadamente, com uma história dramática e bastante humor. Eu, Expedycto Lyma, interpreto esse personagem na base da sátira.
Sabe quem é o vilão da história? O Gilmar Edson Rolim, que interpreta o perverso capitão Kaio. Seu Perdinari, vivido por mim, tem duas netas, Karina e Raquel, vividas por Jane Lyma e Yolanda Soncym. O Zé Guri interpreta o secretário do Rambo Esculachado. Vale a pena assistir ao filme inteiro até!
Daí então, demos um tempo, pra descansar um pouco. Foi quando Cargolyver me convidou pra fazer um filme cômico com todo elenco falando um sotaque bem caipira. Eu disse tá bom, vamos fazer só que eu quero tudo sertanejo e se errarmos no sotaque, voltamos atrás até corrigir. E a gente foi atrás de um amigo, ator, humorista, o Vicente Poeta. O convidamos para ser o João Coronha do filme e ele topou. Felizmente saiu a comédia Vai Fogo, Pimentão!
Em 2001 produzimos Sentimento Mortal, que conta a história de dois amigos inseparáveis, justiceiros, que ao encerrar sua carreira de bangue-bangue se separaram. Severiano Raiale, forma-se delegado de Santa Teresa e Diego Severo vai pra Santa Cecília e se torna proprietário de um haras, um fazendeiro muito poderoso, que manda em Santa Teresa. Depois de doze anos os dois se encontram novamente por motivos pessoais. Fábio, o filho de Diego Severo e seu amigo Gino, vêm à Santa Teresa, e por simples divertimento, estupram e matam a esposa de Severiano Raiale, o delegado. Samanta, a filha de Severiano, também é atacada por Gino, mas consegue fugir, e corre contar ao pai. Severiano quer levar Fabio Severo pra ser julgado, mas Diego Severo e seus capangas tentam impedir que a prisão seja efetuada pois naquele lugar, assassinato desse tipo, a lei é pena de morte. Laura, a amante de Diego, ajuda Severiano trazendo uma Winchester, mas o capataz vê e conta ao patrão da traição.
Aí está o resumo do filme. Muita ação, expectativa e a coragem de um homem sozinho, que age com um sentimento mortal. No elenco deste filme maravilhoso, temos como destaques: Eu, Expedycto Lyma, sou Severiano Rayale, Luiz Cargolyver é Diego Severo, o dono do haras, Yolanda Soncym é Sheila, uma índia Guarani, esposa de Severiano e Odete Junqueira, é Laura, amante de Diego.
Amigos e amigas inseparáveis,
Essa é a carreira do artista
A coragem e dedicação do ator.
Minha vida é um palco iluminado
Nos shows patrocinados levo minha arte
Um adeus ao S-8 mm. Viva o VHS
Adeus ao VHS. Viva o DVD
Viva o cartão, adeus o cartão, viva a memória.