https://www.youtube.com/watch?v=BRSyKH_wiFM

História de um Prego

Um poema de Expedycto Lyma

 

Prego, que está pregado neste esteio

  que pendurou os meus arreio

  minha traia de estimação

Prego, que pendurou muitas lembranças

  me lembra ainda quando criança

  que me chamou muita atenção

Prego, era um brinquedo feito a macete

  que o vovô com seu porrete

  com dificuldade apertou

Prego, era de um carro de boi

  daqueles tempo que foi

  que só restou a recordação

Prego, mais uma vez eu me lembro

  que no meado do mês de dezembro

  quase perto do Natá

Prego, foi um presente do vô

  que me deu com tanto amô

  pra mim um dia brincá

Prego, que está hoje abandonado

  nos esteio já enferrujado

  muitas lembranças marcô

Prego, quando chega o mês de dezembro

  neste mês sempre me alembro

  vovô se foi e não vortô

Vai vai Explym, luzes de ribalta sobre mim

Um poema musicado de Expedycto Lyma

 

Eu conheci dentre os artistas

Um grande amigo, velho e escolado

Com ele aprendi muitas lições

Daqueles tempos que o circo rolava

Ele contou-me de suas peças

Do seu sucesso e do seu fracasso

Quando viajava por esse mundão

Com seu circo indo passo a passo

 

Drama e comédia no seu repertório

Dos folclorio de acontecimento

Era aplaudido em tudo que fazia

Com alegria e contentamento

Era palhaço do seu próprio circo

Muito engraçado ao pintar a cara

 

Vai, vai, Explym

Vai saudade louca

E vem pra mim

Quero lembrar

Ribaltas e palcos sobre mim

Vai, vai, Explym

Luzes de ribalta sobre mim

 

O Circo-Theatro do Alemão

Nasceu em Tatuí

No fim dos anos 60 por aí

Começava a sua história

Reunindo seus companheiros

Seu elenco criou

Alguns conheciam a arte

E outros nem circenses eram

 

Sua estreia foi na Vila Menezes

Onde ficou quase três meses

Dando alegria aos tatuianos

E muitos interioranos

Que também iam assistir

 

Daí seguiu sua jornada

Botando o pé na estrada

Por esse mundão afora

Como outros circos faziam

De bairro e em cidade

Mostrando sua qualidade

 

De nossa arte circense

Teatro era seu forte

O palco lhe trazia sorte

Das peças lindas e chorosas

Uma muito conhecida

Que era muito querida

Era A Ré Misteriosa

 

Vai, vai, Explym

Vai saudade louca

E vem pra mim

Quero lembrar

Luzes de ribalta sobre mim

 

Eu conheci dentre os autores

Um bom artista, velho e escolado

Com ele aprendi muitas lições

Daqueles tempos em que o circo rodava

 

Ele contou-me de suas andanças

De seu sucesso e de seu fracasso

Quando viajava por esse mundão

Antes do circo virar um bagaço

 

Seu circo-theatro era pequenino

Comédia e drama ele apresentava

Pintava a cara quando era o palhaço

Tocando a vida no seu dia a dia

Seu espetáculo era bem bolado

E para o povo trazia alegria

Nos dramas ele fez de tudo

E nas comédias muita folia

 

E muito tempo passou

A fila sempre andou

O Alemão vendeu o circo

Para um amigo conhecido

Que também era querido

Na sua carreira a começar

Nessa altura do campeonato

O Alemão que hoje é Polaco

Trocou seu nome artístico

 

Vai, vai, Explym

Vai saudade louca

E vem pra mim

Quero lembrar

Daqueles bons tempos

Que vivi

Vai, vai, Explym

Luzes de ribalta sobre mim

 

Esse homem de quem eu falo

Contou-me de suas peças

Suas andanças por esse mundo

Onde sua arte passou

Artista humilde e pacato

Amante do cinema e teatro

 

Desse pacato artista

Que também é humorista

Na sua arte que escolheu

Teatro e cinema são seu fraco

Mais conhecido por Polaco

Fez dupla cômica com a Gygy

 

Carregou na bagagem

Com muita garra e coragem

Nos lugares que ele andou

Alegria e tristeza faziam parte

Mas nunca desanimou

 

Montou um grupo teatral

Sendo ele o diretor geral

Que Polaco Show recomeçou

Com muita garra e coragem

O seu talento mostrou

 

Mas a fila sempre anda

Teve várias companhias

Chegando no seu dia a dia

O dia em que ele encasquetou

Pra mim não quero mais isso

Vou parar logo com isso

E uma filmadora comprou

 

Amante também do cinema

Que traz em sua alma gêmea

Seus filmes foi produzir

Montou até um pavilhão

Com muita dedicação

Para apresentar seu talento

Vai, vai Explym

Vai saudade louca

E vem pra mim

Quero lembrar

Luzes de ribalta sobre mim

 

Eu conheci dentre os cineastas

Um senhor velho e muito traquejado

Com ele aprendi muitas lições

Dos tempos que em super-8 rodava

 

Sua alma gêmea nunca desmentiu

Comprou uma câmera de filmagem

E lindos filmes ele produziu

Divulgando pelas redondezas

Essa beleza do seu trabalho

Fazia tudo com muita nobreza

E foi assim que o Explym nunca caiu

 

Com muito orgulho cineasta ele foi

E num modesto pavilhão que construiu

Seus lindos filmes também apresentou

Sempre sonhava muito com cinema

E assim nossas histórias representou

 

Vai, vai Explym

Vai saudade louca

E vem pra mim

Quero lembrar

Daqueles bons tempos

Que vivi

Vai, vai Explym

Luzes de ribalta sobre mim

 

Aconteceu tudo em Tatuí

Até fundar a Explym

Comprou uma filmadora

Muitos filmes produziu

Treinou seu próprio elenco

Aproveitando seu talento

A peteca nunca caiu

 

Grandes amigos conquistou

Antes de 1980

Expedycto e Neuza Silveira

Com nosso amigo Luiz Silvestre

Fomos nós os extraterrestres

Fundadores da Explym

 

Não esquecendo de ninguém

Vamos falar em alguém

Cara muito bajulado

Cinegrafista de primeira

Amigo Ademar Machado

Que esteve ao nosso lado

Quando a Explym começou

Que foi também um artista

Sendo o primeiro cinegrafista

 

Ficou em nossos corações

Muitas histórias da realidade

Da falada Expylm produções

E muita coisa é verdade

 

Expedycto produziu

E deu prova do que fez

Não visou lucro nem nada

Mas teve muita gargalhada

Em suas comédias charmosas

Mocinho, comediante e vilão

Fez com que seu coração

Conquistasse seu povão

 

Dizia consigo mesmo

Ganhei muitos elogios

Fui muito bem recebido

Nos lugares que eu pisei

Não me envergonho de nada

Já dei muita gargalhada

Com quem quis fazer o que eu fiz

Não conseguiu, paciência!

 

Nos 80, 90 e 2000

Com muito amor

Sua carreira prosseguiu

Com Cargolyver, Yolanda e os demais

A Explym Produções jamais

Deixou a peteca cair

 

Vai, vai Explym

Vai saudade louca

E vem pra mim

Quero lembrar

Luzes de ribalta sobre mim

 

Depois o VHS chegou

Com muita garra ao comércio

E por motivo financeiro

Ele teve que parar

Mas sua coragem era enorme

Não desistiu por aí

Continuou seu destino traçado

E não deixou a peteca cair

 

Batalhou uma linda filmadora

E botou pra funcionar

Seus lindos filmes novamente

Ele voltou a produzir

Percorreu muitas redondezas

O seu trabalho apresentou

Mostrou seu talento de raça

E seus filmes divulgou

 

Entre seus filmes mais falados

Que foi muito comentado

Foi o Noivado Sangrento

Meus amigos, foi assim

Que nossa empresa Explym

Continuou a produzir

 

Vai, vai Explym

Vai saudade louca

E vem pra mim

Quero lembrar

Daqueles bons tempos

Que vivi

Vai, vai Explym

Luzes de ribalta sobre mim

 

Caro menino eu posso ser seu pai

Você começa a sua vida agora

Mas amanhã faz parte do meu livro

Pra completar essa minha história

 

Faça mais experiências que você chega lá

E se não chega, dê risada

Você está vivo e isso que importa

Sempre vai haver uma porta para sua felicidade

Não sou rico mais sou feliz

Pois já fiz tudo o que quis

Sem dar prejuízo a ninguém

Cinema teatro e cultura

Vivi e vivo dessa aventura

É meu dom, fazê o quê?

 

Ser artista é gostar do que faz

É amar o que está fazendo

Não importa qual for o papel

O importante é ser fiel

Naquilo que é o seu personagem

E no fim de tudo isso

Você teve o compromisso

Do que você apresentou

 

Vai, vai Explym

Vai saudade louca

E vem pra mim

Quero lembrar

Luzes de ribalta sobre mim

Rita Zaroia

Um poema de Expedycto Lyma

 

Foi lá pras bandas do Araçá

Um lugarejo feio de se oiá

Que eu conheci a Rita Zaroia

Muié bem desengonçada

De uma feiúra da pesada

E ainda por cima caoia

Porca e mascava fumo

Que perdi até o rumo

Quando pra casa voltei

Mas mesmo assim fui em frente

Parecendo uma serpente

E logo de cara cheguei

Começemo a conversá

E peguemo a namorá

Já falamo em casamento

Comprei roupa pra Rita

Um lindo vestido de chita

Que ela inté suspirô

A Rita ficou charmosa

De quieta ficô tão prosa

Que na minha oreia falô

Caso cocê meu querido

Sei que tá tudo perdido

Diga que sim meu amô

Ah, eu fui de terno branco

Sem butina e de tamanco

E atrais tinha um rasgado

Que o paletó mal cobria

Eu sentia aquele vento frio

Quando virava de lado!

De noiva então se vestiu a Rita

De feia ficou tão bonita

E lá fomo nois casá

Casamo numa igrejinha

Pequena e ajeitadinha

Com o vigário Marcelino

Nossos padrinho foi o Bento

Zé do Rego e Zé Curiango

E os irmãos de Nhô Faustino

Zaroia é minha companheira

Casei perdendo a estribeira

Não sei se fiz mar o bem

Acho que caí na esparrela

Ganhei a feiura dela

Isso não pensei também

Casamento é que nem rolo de fumo

Sem querer se perde o rumo

E quando se vê ó fedeu

O primeiro cigarro vai bem

Logo vê que não convêm

Aí a gente fuma o resto (pra não perder o dinheiro que deu)

Esses versos fiz num banheiro

Cheio de desespero

Mas foi do fundo do coração

E a você… você… Rita Zaroia minha querida

Que deixou esta ferida

Neste pobre Polacão

Cabloca Safira

Um poema de Expedycto Lyma

Homenagem à música Cabocla Tereza, de Raul Torres e João Pacífico

 

PARTE I

Foi numa tarde chuvosa

Que pra mor dumas prosas

Chamou minha atenção

Cortando por um ataio

Apeando do meu baio

Enveredei por um rincão

Virei o canto da choupana

E junto a uns pés de banana

Uma cabocla deitada

Corpo tudo ensanguentado

Jorrando sangue por tudo lado

Que quarqué um se apavorava

Bem perto duns arvoredos

Num cenário que dava medo

Um cabra sentado, soluçando

Você descansou Safira

Foi demais a minha ira

Mas continuo te amando

A chuva foi passando

A roupa no meu corpo foi secando

Resolvi vortar dali

Tomei uma pinga na venda

Comi uma merenda

E daquele lugá eu sumi

O delegado avisei

E com ele eu vortei

Praquele lugá sombrio

Eu já ardendo em febre

Levei o doutô naquele casebre

Que fazia muito frio

Disse o doutô, deite um pouco

Que eu vou vê quem é esse louco

Que praticou essa loucura

O cabra entrou pro recinto

E disse: doutô eu já vou indo

Contá a verdade pura

Cobrindo o corpo da cabocla

E numa versão muito louca

Começou a explicação

Entregando a arma pro delegado

Estendendo as mão pra ir sê algemado

Conto com dô no coração

 

PARTE II

Já faz muitos anos doutô

Construí esta simples casinha

Pra um dia eu botá dentro dela

Minha amada Safira

Bem distante do povoado

Pra ninguém me amolá

E um dia eu me casei

A Safira eu fui buscá

E muitos anos vivemos

Num amô cheio de alegria

Mas veja como é o destino

Minha amada me traia

Um amô que foi do passado

Vortô pra me atrapaiá

Encheu ela de mentira

E conseguiu me levá

Meu mundo se encheu de tristeza

Meu 44 embalei

Atrais dos dois infeliz

Por todo sertão procurei

Um tiro de uma Wincheste

Chamou a minha atenção

Saquei minha arma depressa

Acertei bem no coração

Camuflada bem atrais de mim

Safira foi me apunhalá

Defendendo virei contra ela

E fui obrigado a matá

O caso foi encerrado

Já contei toda a verdade

Desculpe doutô delegado

De praticá essa maldade

Lavei a honra com sangue

Que na garganta tava entalado

Um amô tão lindo e puro

Que eu dei e um dia foi jogado

Amei tanto essa cabocla

Com as forças do meu coração

Já não me importa mais nada

Me algeme e me leve à prisão 

Adeus Pedro Bento e Zé da Estrada

Um poema de Expedycto Lyma

 

Quando a gente saía pra cidade

Que via a Kombi do Instituto Monitor

Podia ter toda certeza

Que os cancioneiros tavam chegando

O sorriso do Zé nos cumprimentando

Acabando com toda tristeza

 

Em Tatuí foram muito queridos

Pelos tatuianos promovidos

Por ser franco na humildade

Pois só traziam alegria

Fosse no verão ou noites frias

Só traziam felicidade

 

Adeus Pedro Bento e Zé da Estrada

Que atravessam sua jornada

Numa luta bem-sucedida

Que Deus os tenha para sempre na eternidade

Com sua árdua corrida

E sua luta merecida

 

Desde o tempo de moleque

Me lembro de muitas duplas

Naqueles momentos do parque

Das minhas trovas de adolescente

E na minha vida no circo

Ficou na minha memória

Gravado muitas histórias

Que o povo comentava

 

Estou falando meus amigos

De um grande quarteto sertanejo

De Pedro Bento e Zé da Estrada

Junto com Celinho sanfoneiro

Formaram o trio

Depois com a presença de Ramón

O mexicano do trompete

Foram o maior intérprete

Daquelas canções chorosas

 

Adeus Pedro Bento e Zé da Estrada

Dessa carreira bem-sucedida

Que teve sua longa estrada

Nesse difícil caminho

Mas jamais sairá de nossa mente

Quem semeou boa semente

Com alegria e carinho

Cantigas de minha vida

Ladrão de Beijos

Pena de minha alma

E outros mais

 

Não me sai da lembrança

O amor e a rosa

Canção rancheira chorosa

Que marcou o quarteto

Era muito bem cantado

Com o verso bem trovado

Que dava gosto de ouvir

 

A primeira do Zé

Daquela muito afinada

E o segundão de Pedro Bento

Graciosamente completava o talento

Sempre mantinham de pé

O musicão sertanejo

Cancioneiros de muito estilo

Trajados de mexicanos

O quarteto era falado

Chamava a atenção do povo

Num gesto acariciado

 

Adeus Pedro Bento e Zé da Estrada

Que tiveram sua jornada

Numa luta muito corrida

Nunca será esquecida

Que Deus os tenha eternamente

Num lugar cheio de luz

 

Sua carreira foi brilhante

De um passado interessante

Que agora ficou na lembrança

É como diz o ditado

No mundo tudo se acaba

Só ficando imagem e melodia

Música e alegria

Por todo lugar que andaram

 

Oh como dá saudade

Dessa felicidade

Dos tempos da minha amada

Que a gente curtia

Juntos com muita alegria

Pedro Bento e Zé da Estrada

Casa Vazia

Um poema sentimental de Expedycto Lyma

 

Casa vazia que um dia

Me deu tanta alegria

Quando estava eu e você

 

De repente tudo mudou

Você nunca mais voltou

Eu fiquei a entristecê

 

Casa vazia e sem ninguém

Que um dia morou alguém

Que não soube me entender

 

Quando eu amava de verdade

Com tanta sinceridade

Que não consigo esquecê

 

Fui genioso, me perdoe

Por favor, não se magoe

Por amá-la tanto assim

 

É que eu quis te proteger

Fazê tu entender

Que eu queria só pra mim

 

Oh, casa vazia, que numa noite fria

Carreguei minha Maria

Pra dentro dela ficá

 

Era um jardim cheio de flores

Com plantas de todas as cores

Parecia que nunca ia se acabá

 

Mas infelizmente se acabou

Tudo pra trás ficou

E você me abandonou

 

Me deixou no desespero

No meado de fevereiro

Este cair à tona

 

Tu conseguiu o que queria

Deixando esta casa vazia

Entristecendo meu coração

 

Espero que não se arrependa

E que também não se venda

A quem nunca lhe estendeu a mão

 

Meus olhos estão chorando

Pois continuo te amando

Aquela que nunca me amou

 

Talvez hoje rindo de mim

De minha tristeza sem fim

Porque você nunca chorou

 

Adeus meu anjo adorado

Se eu te amei não foi pecado

Foi o que quis meu coração 

 

Se arrependeres um dia

Procure esta casa vazia

E fuja da solidão

 

Eu receberei de braços abertos

Quero que você fique bem perto

Pra não fugir mais de mim

 

Volta querida um dia

Pra esta casa vazia

Pra minha tristeza ter fim

 

Estes versos são de minha autoria

De um dia nesta casa vazia

Com o coração partido e fraco

 

A você minha querida

Que deixou esta ferida 

Em seu amigo Polaco

Só me resta dizer a você

Um poema de Expedycto Lyma

 

Cheguei aqui com boa intenção

Mas o destino não quis assim

Outro homem chegou primeiro

E tirou você de mim

 

Pode ser que eu me engane

E que eu esteja te amando

Por teu amor querida

Eu vivo sempre clamando

 

Magoaste o meu coração

Não pensaste o que foi fazer

Querida, sejas feliz

Porque eu não tenho prazer

 

Você foi embora de mim

Aguando os olhos meus

Só me resta dizer a você

Querida vá com Deus

 

Cheguei aqui com boa intenção

O seu coração não quis assim

Outro homem chegou primeiro

Isto foi no mês de janeiro

Que o nosso amor teve fim

 

Eu não estava enganado

Mas me senti o culpado

Neste maldito lugar

Te amei com muita loucura

Você me encheu de amargura

Meu erro foi te amar

Orgulho Venenoso

Um poema de Expedycto Lyma

Me leva, me leva

Me leva que eu quero ir também

 

Quando eu te quis

Você nem ligou

Na minha intuição 

Você nunca me amou

Agora me quer

Vi no sorriso seu

Hoje estou machucado

Quem não quer sou eu

 

Me leva, me leva

Me leva que eu quero ir também

 

Teu orgulho me machucou

Me feriu como um punhal

Eu não sabia o que fazer

Pra alguns era um caso banal

Hoje sigo minha estrada

Tentando te esquecê

Você está me perseguindo

Querendo me fazer sofrê

 

Me leva, me leva

Me leva que eu quero ir também

 

Mas não vai dar mais

Nem que eu sofra até o fim

Não tem retorno

Não quero você pra mim

Pode parar

Que eu não volto atrás

Siga sua estrada

Que eu não voltarei jamais

 

Me leva, me leva

Me leva por este mundo sem fim

Quanto mais longe você ficar de mim 

Melhor pra nós dois

Foi tão bom que aconteceu agora

Quem sabe foi uma boa hora

Pra nóis não chorar depois

 

Me leva, me leva

Me leva por esse mundo sem fim

Cavei minha honra com sangue

Que na garganta foi entalado

Um amor tão lindo e puro

Que eu deixei e um dia foi jogado

 

Me leva, me leva

Me leva por esse mundo sem fim

Quanto mais longe você ficar de mim

Mais feliz eu serei

Fique com seu orgulho venenoso

Mas não esqueça do nosso caso amoroso

As Avenidas do Mundo

Um poema de Expedycto Lyma

 

Mundo, você que me mostrou ser tão ruim enquanto eu andava nas sarjetas de suas avenidas sem olhar para onde elas iam. 

Mundo, você que me fez ver o quão difícil é se locomover sem ser notado.

Mundo, você que me ensinou que na sua avenida só existe um verdadeiro infinito, que não conseguimos enxergar sem a sua existência. 

Mundo, você que nos faz caminhar para tentar chegar no infinito de sua avenida, antes que seja tarde para descobrirmos que ela está no horizonte de nossa própria vida.

Natal da Amargura

Um poema de Expedycto Lyma

 

Natal, Natal, Natal

Nunca vou me esquecer

Natal, Natal, Natal

Não queira me ver sofrer

Natal, Natal, Natal

Quanta coisa me aconteceu

 

Enfeitei minha árvore de Natal

Preparei tudo pra nóis dois

Te esperando ansiosamente

Você não apareceu

A champanhe estava na mesa

Com os dois copos de cristais

Nosso amor não podia morrer 

De uma hora pra outra jamais

 

Natal, Natal, Natal

Que não me sai da lembrança

Natal, Natal, Natal

Que um dia me encheu de esperança

Natal, Natal, Natal

Que tão apaixonado estava

 

Natal, Natal, Natal

Como uma ilusão de menino 

Natal, Natal, Natal

Que fez lembrar da infância

Natal, Natal, Natal

Do sorriso da criança

 

Natal, Natal, Natal

Igual o garoto que acredita

Ansioso e muito contente

Na esperança do presente

 

Natal, Natal, Natal

Quando apaixonado eu estava

Por você minha noiva amada

Que me encheu de esperança

 

Enfeitei minha árvore de Natal

Em fim de ano é normal

Preparei tudo pra nos dois

Te esperei ansiosamente

Num desejo ardente

Não me apareceu nem depois

E as horas foram passando

E a madrugada chegando

Logo eu adormeci

Acordei triste em meu leito

Senti uma dor profunda no peito

Ao me lembrar de ti

 

Natal, Natal, Natal

Que não me sai da lembrança

Natal, Natal, Natal

Apaixonado eu estava

Natal, Natal, Natal

Meu amor me abandonava

 

Você me deixou neste dia

Data de muita alegria

Mas pra mim foi tristeza

O Natal marcou minha vida

Perdi a minha querida

Que um dia amei com certeza

 

Amigo, estou sofrendo

Se não acredita, só vendo

Meu pranto rolar sem fim

Saiba que nesta amargura

Está difícil vir o sono 

Lembrando de tanta jura

Que ela fez pra mim

 

Natal, Natal, Natal

Nunca vou me esquecer

Natal, Natal, Natal

Não queira me fazer sofrer

Natal, Natal, Natal

O nosso amor já morreu

Truskio

Um poema de Expedycto Lyma

 

Truskio é um cachorrão

Que eu ganhei do meu patrão 

No meu aniversário

Muito feio e desengonçado 

Sem pelo, todo pelado

Quasi iguá o meu salário

 

Quando eu chegava em casa

Truskio me festejava

Abanando o rabo e latindo

Fazendo tanta alegria

E uma tremenda folia

Que parecia estar rindo

 

E eu era um agente secreto

Tinha um emprego discreto

Pra mantê eu e o Truskio

O cachorro era muito feio

Sempre chutado pra escanteio

Mas se tornou o meu esteio

Meu Filho

Um poema de Expedycto Lyma

 

Um dia tudo se acaba

Quando cai numa cilada

Nosso amigo do coração

                    Um maldito pistoleiro

                    Deu quatro tiro certeiro

                    Deixando estendido no chão

Um sábado na noite fria

Na Vila Santa Luzia

A tragédia aconteceu

                    Que abalou toda a família

                    Essa terrível armadilha

                    Que o ar se entristeceu

Fizemos muita andança

Fomos em muita festança

Tudo era muito divertido

                    Além de filho era amigo

                    Mesmo não morando comigo

                    Você não era metido

Era de muita humildade

Contava mentira e verdade

Era só risada e alegria

Cantiga do Bode (ou Vou embora com meu pampa)

Um poema para show de Expedycto Lyma

 

Nois viemo fazê este show

Pra vocês todos assistirem

Mandando a tristeza embora

E fazê vocês todos rirem

 

A moçada que aqui está

E toda essa criançada

Que acabou de curtir

Esta nossa palhaçada

 

Quem pode pode

Que não pode se sacode

Vocês vão se embora, eu fico

Com a Cantiga do Bode

 

Vai vai

Vai mulher 

Vou embora, mas te levo

No bagageiro do Chevrolet

 

Chau… Chau…

Chau Samanta

Vou embora, mas te levo

Comigo na lembrança

 

Nesta longa caminhada

Parei na casa da anta

Tomei água fresquinha

E fui embora com meu Pampa

 

Vai… Vai…

Vai mulher

Vou embora, mas te levo

Dentro do meu Corcel

 

Chau… Chau…

Chau Armina

Vou embora, mas te levo

No bagageiro do meu Belina

 

Nesta longa caminhada

Parei na casa da anta

Tomei água fresquinha

E fui embora com meu Pampa

Obrigado Senhor

Um poema de Expedycto Lyma

 

Por meus braços sadios

Quando há tantos mutilados

Por minhas pernas que andam e correm

Quando há tantas que não mudam os passos

Por meus olhos perfeitos

Quando há tantos sem luz

Por esta voz que fala e canta

Quando tantas emudeceram

Por minhas mãos que trabalham

Quando tantas mendigam

 

É maravilhoso, senhor

Ter um lar para voltar

Há tantos outros que não tem para onde ir

É maravilhoso, senhor

Sorrir, amar, sonhar, interpretar, ouvir

Tantos choram de tristeza, se odeiam

Tantos morrem antes de nascer

 

É maravilhoso, senhor

Ter tão pouco a pedir

E tanto para receber

Sou Muito Feliz (ou Aqui no Sertão) [canção]

Letra de Expedycto Lyma

Música tema do filme Vai Fogo, Pimentão

Uma homenagem a Amácio Mazzaropi

 

Sou muito feliz

Aqui no sertão

Vendo a passarada

Fazendo algazarra

Neste meu rincão

 

Avistando a cidade

Ao longe daqui

Vendo tudo lá fora

Não vejo a hora

De voltar aqui

Meu canto é tão triste

Mas não posso chorar

Quando eu pego na viola

A cabocla chora

Aguando meu olhar

 

Avistando a cidade

Ao longe daqui

Vendo tudo lá fora

Não vejo a hora

De voltar aqui

 

Meu canto é tão triste

Mas não posso chorar

Quando eu pego na viola

A cabocla chora

Aguando meu olhar

 

Não saio do sertão

Porque o meu coração

Mora nesse lugar

 

Eu sou muito feliz

Porque você me quis

Com seu jeito de amar

Noivado Sangrento [canção]

Letra de Expedycto Lyma

Música tema do filme Noivado Sangrento

Uma homenagem ao saudoso José Fortuna e Pitangueira

 

Foi ali que tudo acontecia

Com Antônio a Iracema noivava

Sem saber que no mato escondido

No escuro seus passo eu rondava

 

Eu jurei a você que matava

Iracema que eu tanto queria

Mas quebrei esse meu juramento

E pro Antônio a mão eu abria

 

E no momento da confusão

Dois balaços certeiros partiam

Derrubando um corpo sem vida

E ferido eu também seguia

 

Aborrecido eu fui deixando

Pela bala um corpo varado

Não foi eu quem atirô na Iracema

Mas fiquei sendo o culpado

 

Fui embora dali baleado

Como louco ele me perseguia

Numa violenta briga de morte

Dali a pouco um tiro saía

 

Se feriu com a sua própria Mauser

E apelou pro momento fatal

No relance eu saquei minha arma

E o tiro que eu dei foi mortal

 

Fui embora dali baleado

Como louco ele me perseguia

Numa violenta briga de morte

Dali a pouco um tiro saía

 

Se feriu com a sua própria Mauser

E apelou pro momento fatal

No relance eu saquei minha arma

E o tiro que eu dei foi mortal

 

No relance eu saquei minha arma

E o tiro que eu dei foi mortal